24/04/2010

Como tudo começou (baseado em relato de Micheline Flak)

Em 1973, Micheline Flak ensinava Inglês em uma escola parisiense e dava aulas de yoga em suas horas livres. Assim, adquiriu um sólido conhecimento de yoga e descobriu que os bons efeitos das práticas estavam se revelando na sua maneira de ensinar inglês. Ela se questionava, se a formação tradicional para professores estava bem adaptada às necessidades das crianças que ensinava, ou se ocorriam perdas no processo de aprendizagem.

Foi aí que ela percebeu que, ao mudar a si mesma, começou a ensinar de maneira diferente, para sua satisfação e de seus alunos. Começou a refletir sobre como o processo cognitivo trabalha e, com base nesta pesquisa, fêz experiências em suas aulas, o que a levou a incorporar técnicas de yoga no seu método de ensinar. E adivinhe? Os alunos amaram! Eles passaram a ver suas lições de inglês de uma forma positiva, resultando num melhor aprendizado e a sala de aula virou um local alegre e agradável.

Após uma palestra no colégio em que lecionava, Collège Condorcet, Paris, os pais ficaram entusiasmados com a apresentação executada pelas crianças e jornalistas pediram permissão para acompanhar as aulas e publicar matérias sobre esta novidade. Foi explicado aos adultos como e porque algumas técnicas foram selecionadas para sala de aula. Eles puderam experimentar em si mesmos os efeitos destas técnicas e concordaram com o prosseguimento do projeto. Em 1979 seu trabalho foi tornado público e disponibilizado para quem desejasse aprender técnicas de yoga para sala de aula. Foi criada uma associação de educadores interessados em pesquisar e aplicar técnicas de yoga com uma base pedagógica.

Hoje, essa associação batizada de RYE – Recherche sur le Yoga dans l'Education (Pesquisa de Yoga na Educação) - uma instituição pedagógica de caráter não lucrativo, fundada por educadores para educadores, combina o currículo escolar padrão com exercícios adaptados da tradição do yoga para desenvolver a concentração, atenção e o relaxamento. Diferente do uso convencional do yoga, as técnicas RYE são especialmente adaptadas para a sala de aula e integradas às matérias ensinadas. Os exercícios são incluídos no processo de aprendizagem, como parte integrante de cada lição, ajudando os alunos a permanecerem atentos, relaxados e receptivos, reduzindo significativamente os níveis de stress do professor e dos alunos, desenvolvendo a atenção, a memória e a confiança.

Atualmente se reconhece que o relaxamento e a visualização melhoram a aquisição dos conhecimentos intelectuais, a concentração, a criatividade e o rendimento nos esportes. São os chamados “caminhos internos de aprendizagem”. Os sentidos sutis são trabalhados para melhorar os resultados escolares. Beethoven acessava um sentido sutil para compor depois de surdo (ele ouvia as notas em seu cérebro). Em suma, o que o yoga nos ensina a por em prática de forma sistemática e gradual.

O professor pode constatar ao longo do dia, a influência das tensões e dos ritmos fisiológicos defasados no comportamento dos alunos, sobretudo suas repercussões na atenção e na memória. Do mesmo modo, pode-se observar com a mesma nitidez o efeito apaziguador e organizador dos exercícios físicos e dos momentos de tomada de consciência da respiração.

O yoga na escola não é uma moda passageira. É uma herança milenar, uma fortuna fabulosa, não deixada por um tio da América, mas por um tataravô do Oriente, talvez um tibetano, indiano ou egípcio; praticada cada vez mais em muitos países do mundo.
RYE se dedica há 30 anos a ajustar e adaptar técnicas de yoga de maneira a melhorar o bem estar do professor e do aluno; e a promover o aprendizado e a criatividade. Os professores são os grandes beneficiados com este método, pois se familiarizam com as práticas, além de experimentarem em si mesmos as técnicas que utilizam com os alunos. O cotidiano da escola é transformado através de atitudes cada vez mais conscientes para um objetivo comum – renovar a si mesmo e a maneira de educar e aprender.